23 de abr. de 2015

“O leigo não é freguês da Igreja, ele parte da Igreja, mas tem uma missão própria, que não é a missão do padre”, afirmou o cardeal de São Paulo.
O papel dos leigos na ação evangelizadora da Igreja é um dos principais assuntos da 53ª Assembleia Geral dos Bispos do Brasil, que acontece em Aparecida (SP), desde a manhã desta quarta-feira, 15.
Segundo o arcebispo de São Paulo, Cardeal Odilo Pedro Scherer,o leigo é participante da Igreja e tem sua missão própria, diferente da que o padre, como representante eclesial, desenvolve.
“Talvez houve um tempo em que se pensava: a Igreja é coisa dos padres e dos bispos, e o leigo é freguês. Não, o leigo não é freguês da Igreja, ele parte da Igreja, mas tem uma missão própria, que não é a missão do padre. Então, não tem briga entre padre e leigo, não tem que brigar; cada um tem a sua parte, sua missão própria”, explicou o cardeal que também participa da 53ª AG.
Dom Odilo atribui este novo olhar eclesial sobre o leigos ao Concílio Vaticano II que, conforme disse, trouxe essa consciência de que o leigo é parte da Igreja.
Para o cardeal, a missão própria do leigo é ser a presença do Evangelho no mundo. “Claro que os leigos ajudam dentro da Igreja e devem ajudar sim. Porém, ajudam muito, e devem, levar a força, o fermento, a luz, o sal do Evangelho para o ambiente da família, da educação, do trabalho, das responsabilidades sociais, da comunicação, da justiça, da política, da economia, enfim, onde o mundo acontece. Ali estão os cristão leigos para levar a força do Evangelho e transformar o mundo de acordo com o Reino de Deus”.
A Assembleia Geral da CNBB acontece até 24 de abril.


17 de abr. de 2015

Monsenhor Joel Portela Amado fez longa reflexão sobre aspectos do rosto da Igreja no Brasil de hoje.

(Foto: Ricardo Carielo)
Após a análise de conjuntura social, apresentada, na quarta-feira, 15, pelo jurista Rubens Ricupero aos bispos do Brasil, reunidos em Assembleia, monsenhor Joel Portela Amado, pároco da catedral do Rio de Janeiro, fez longa reflexão sobre aspectos do rosto da Igreja no Brasil de hoje. No início da apresentação, já ficou claro que sua exposição responderia duas partes: “a realidade que interpela a Igreja e a Igreja que interage com a realidade”.
Realidade interpela a Igreja
“Uma palavra emerge com crescente vigor em nossos dias: perplexidade. Este é um termo que penso poder ajudar a compreender pastoralmente o que se passa neste mundo sob aceleradas transformações, não apenas no superficial, mas também e principalmente nas categorias mais profundas de compreensão da vida e consequente atuação sobre ela”, ponderou monsenhor Joel.
De acordo com Portela, diante da perplexidade, emergem algumas possibilidades de reação, as quais, na prática se misturam: lógica da flexibilidade e mobilidade nos critérios, em todos os campos, da vida, inclusive nos campos ético e religioso; lógica da individualidade, da solução de cada um, com grande dificuldade para olhar os sonhos; lógica do imediato, da solução a curto prazo, dos resultados que estejam ao alcance das mãos, com dificuldades para sonhos maiores e renúncias.
Igreja interage com a realidade
Monsenhor Joel apresentou alguns critérios por meio dos quais se vai interagir com as questões que chegam para a Igreja, considerando sempre as urgências na ação evangelizadora. Ele falou em três “vozes”. A primeira seria uma voz que tem se destacado e é muito ouvida: a voz do Papa Francisco: “Num mundo hoje, sem vozes nem lideranças significativas, o Santo Padre é, podemos dizer, unanimidade. Sua liderança moral é incontestável. Sua voz é ouvida, sua pessoa é admirada, sua presença é noticiada”.
Outro critério seria a expressão “voz acolhedora da Igreja” caracterizada pela “solidariedade a partir da cruz”. Segundo Joel é a Igreja que “não teme sujar-se nas lamas existenciais, correndo às pressas para as periferias, tenham essas periferias as formas que tiverem”. Um terceiro critério de interação da Igreja com a realidade atual seria representado por “uma voz que escuta”. “Creio que o Espírito tem dito à Igreja que, nestes e em todos os casos, a grande atitude é o acolhimento pessoal sob suas variadas formas. Acolhimento aqui não significa o atendimento incondicional das solicitações, fruto do medo de perder a freguesia, atitude mais própria de empórios religiosos do que da genuína ação evangelizadora”.
“Uma escuta que vai ao encontro” foi o quarto critério de interação apresentado por monsenhor Joel. “Outro aspecto a nos interpelar nestes tempos de perplexidade diz respeito à missão. Perplexidade e missão se articulam muito diretamente. O princípio é simples: maior a perplexidade, maior ainda deve ser a missão”, disse.
Na conclusão da reflexão, como um dos possíveis critérios de interação da Igreja com a realidade atual, monsenhor Joel apresentou o tema que foi aprofundado pelo papa Francisco na Bula do Ano Santo, lançada no último dia 11 de abril: a urgência da misericórdia. “Em tudo isso, importa identificar um viés apto a conduzir transversalmente a ação evangelizadora em nossos dias, fornecendo conteúdo, identidade, rosto, para tudo o que a Igreja fizer. A meu ver, este viés foi oficializado pelo papa Francisco ao convocar toda a Igreja para o Ano Santo da Misericórdia. De fato, a misericórdia é uma das maiores necessidades de nosso tempo. O que da Igreja se pede, neste momento da história, é que seja sinal transbordante e interpelador da misericórdia de Deus”, acrescentou.

Fonte: CNBB

13 de abr. de 2015

O cardeal hondurenho dom Oscar Rodríguez Maradiaga, presidente da Cáritas Internacional, afirmou que o Jubileu da Misericórdia que o Papa convocou vai ajudar a Igreja a ir ao encontro das pessoas, saindo das suas fronteiras.
“Neste ano, por certo, teremos de esforçar-nos mais nesta ‘pastoral dos afastados’, para aproximá-los, para ir até eles”, referiu o coordenador do Conselho de Cardeais, o chamado ‘C9’ do Vaticano.
O Papa Francisco apresentou este sábado, 11, a bula ‘Misericordiæ Vultus’ (rosto de misericórdia), com a qual convoca oficialmente o Jubileu da Misericórdia (dezembro de 2015 a novembro de 2016).
Segundo dom Oscar Maradiaga, mais do que redefinir ou repetir a doutrina católica, “é preciso que as pessoas se aproximem da Igreja, inclusive os católicos que se mantiveram a uma certa distância”.
“Para trazer as pessoas para perto da Igreja, eram necessários sinais como os que o Papa Francisco está a cumprir, uma Igreja em saída, que seja uma espécie de hospital de campanha para curar tantas feridas”, acrescentou.
Para o colaborador do Papa argentino, há muitos católicos que “precisam de cura” e contam com a presença do pároco que está perto deles.
“Também na Europa, com o Sínodo da Família, vimos tantas feridas, tantos sofrimentos, tantas famílias que fracassaram e querem começar uma nova aliança”, disse.
Segundo dom Oscar Maradiaga, houve quem interpretasse “mal” o desejo que o Papa tem ir ao encontro de quem está longe, porque “pensam que é hipotecar a doutrina”.
“O Santo Padre viveu na sua própria pele esta necessidade de sublinhar a misericórdia. Ao celebrar os dois anos de pontificado do Papa Francisco, no meu país, dizia que se tivesse de o resumir em poucas palavras, a primeira seria misericórdia, a primeira”, prosseguiu.
O arcebispo de Tegucigalpa, Honduras, sustenta que a pastoral é “precisamente o cuidado das ovelhas”, não só das que estão saudáveis, “mas sobretudo das fracas, das doentes, das que estão em crise”.
“O Papa tem dito que ninguém está fora da misericórdia e isso, do meu ponto de vista, abriu caminho para muitíssimas pessoas que estavam afastadas”.
Dom Oscar Rodríguez Maradiaga recorda que, na Bíblia, o jubileu era uma espécie de “perdão geral”, no qual se perdoavam “até as dívidas”.
“O jubileu na Bíblia não se referia só às dívidas mas também à liberdade, à libertação dos escravos, por exemplo, dos que estavam submetidos, por diversas razões, a outras pessoas. O jubileu era quase como encontrar – como a palavra diz – júbilo, alegria, um ano de graça do Senhor”, assinalou.

6 de abr. de 2015

Francisco pressiona contra "crime inaceitável"
Cidade do Vaticano, 06 abr 2015 (Ecclesia) – O Papa reforçou hoje no Vaticano os seus apelos em favor dos cristãos que são perseguidos em várias partes do mundo e pediu que a comunidade internacional trave este “crime inaceitável”.
“Desejo que a comunidade internacional não assista muda e inerte a este crime inaceitável, que constitui uma preocupante deriva dos direitos humanos mais fundamentais. Desejo verdadeiramente que a comunidade internacional não desvie o olhar para outro lado ”, declarou, perante milhares de pessoas reunidas na Praça de São Pedro para a recitação do «Regina Caeli», oração que substitui o ângelus durante as celebrações pascais.
Francisco falava depois de saudar uma delegação do Movimento Shalom, que concluiu no Vaticano uma estafeta solidária para sensibilizar a opinião pública relativamente às perseguições contra cristãos.
O pontífice argentino estimulou o trabalho de “ajuda palpável” na defesa e proteção dos cristãos “perseguidos, exilados, mortos, decapitados” por causa da sua fé.
“Eles são os nossos mártires de hoje e são muitos, podemos dizer que são mais numerosos do que nos primeiros séculos”, lamentou.
A tradicional catequese deste dia falou da “alegria pascal”, com o Papa a pedir aos presentes que repetissem a frase “Jesus ressuscitou”.
“A feliz notícia da ressurreição deve transparecer no nosso rosto, nos nossos sentimentos e atitudes, no modo como tratamos os outros”, defendeu.
O Papa apresentou a Páscoa como “o acontecimento que trouxe a novidade radical para cada ser humano, para a história e para o mundo”.
Francisco falou da pregação inicial de Jesus na Galileia, a “periferia” da qual voltaria a partir o “Evangelho da ressurreição, para que seja anunciado a todos”.
Segundo o Papa, a ressurreição de Jesus é a “boa notícia” que os cristãos são chamados a anunciar aos outros, “o dom mais belo” que podem oferecer aos seus irmãos.
“Anunciamos a ressurreição de Cristo (…) quando sabemos sorrir com quem sorri e chorar com quem chora, quando caminhamos junto de quem está triste e quase a perder a esperança”, precisou.
Francisco explicou que o ‘Regina Caeli’ é uma oração na qual os católicos se dirigem à Virgem Maria “convidando-a a alegrar-se” com a ressurreição de Jesus e confiando-se à sua intercessão.
“Recitemos, por isso, esta oração com a emoção dos filhos que estão contentes porque a sua mãe está feliz”, pediu.

O Papa despediu-se aconselhando os presentes a ler, “todos os dias”, uma passagem do Evangelho em que se fale do acontecimento da ressurreição.