17 de dez. de 2013



Em uma carta de Natal, padre Pio escreveu: “No nascimento de Nosso Senhor os pastores ouviram o canto dos anjos, como nos revela a Escritura. Porém ela não diz que a Virgem sua mãe e são José, que eram os que estavam bem próximos do Menino divino, tivessem ouvido os anjos cantarem ou tivessem visto o esplendor celestial.” O que foi que eles ouviram e viram então? O choro do recém-nascido e a estrebaria escura e fria, porque na hospedagem não havia lugar para eles.
Milhões de pessoas terão de passar este Natal em fuga, no meio da guerra, sem família e sem troca de presentes. No entanto, eles estão bem próximos da manjedoura, com Maria e José. Eles nos ensinam a colher o mistério natalino do amor. Eles são as estrelas que brilham para nós no caminho de Belém. É sobretudo a essas pessoas que se dirigem nossos votos de Natal. Nós estamos rezando por elas. O exemplo do pequeno menino de Damasco é representativo para muitos. Ele brinca de esconder com sua irmãzinha de seis anos – e um atirador o atinge em cheio. Desde então, sua irmã é vista muitas vezes no cemitério, no túmulo de seu pequeno irmão. Com as mãos ela escava na terra e chama: “Saia do esconderijo, eu não quero mais brincar.”
Diante disso só dá para ficar em silêncio e chorar, qualquer palavra se mostra inconveniente. No entanto, podemos também dizer a esse menino e a essa menina: “Por você, Deus veio ao mundo.” Por você, que vive com medo de ser assaltado, de ser sequestrado ou morto. Por você, que está separado de sua família devido à guerra ou que a perdeu e conhece a profunda dor da separação e da morte. Por você, que é perseguido por causa de sua fé e tem de viver escondido. Por você, que não tem mais casa e vive em um campo de refugiados. Por você, que não pode celebrar a Missa de Natal em uma igreja, porque ela foi destruída por bombas ou por incendiários. Por você, que não vai receber presentes de Natal e tem de se preocupar todos os dias para conseguir ao menos um pedaço de pão e água para sobreviver. Por você que, apesar de tudo isso, acredita e celebra a festa de Natal.
Mais que qualquer um de nós, essas pessoas experimentam o mistério de Natal em seu próprio corpo. A elas gostaríamos de desejar a bênção da Noite Santa através de nossos dons e orações e anunciar a Boa Nova: “Hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós o Salvador, que é o Cristo Senhor!”
A vocês e suas famílias desejo um Natal abençoado.

Pe. Martin M. Barta
Assistente Eclesiástico Internacional da AIS
Ajuda à Igreja que Sofre

12 de dez. de 2013



Neste cinquenta anos do Concílio Vaticano II, a igreja quer voltar-se também para os Leigos. Com este intuito, a presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) designou uma comissão para refletir sobre o papel do leigo do Brasil e produzir um documento sobre a temática. A comissão reuniu-se nos dias 9 e 10 de dezembro, na sede da Conferência, em Brasília, e a expectativa é que o texto seja apresentado na 52ª Assembleia Geral dos Bispos do Brasil (52ª AG), em 2014, em Aparecida (SP).
 A comissão, composta por bispos e teólogos, é presidida pelo bispo de Caçador (SC), dom Severino Clasen. De acordo com o bispo, foi a Comissão para o Laicato que pleiteou junto ao Conselho Permanente da (CNBB) – composto pelos bispos que presidem as Comissões de Pastoral e os presidentes dos regionais da conferência – que a temática do leigo entre na pauta da 52ª AG.
“Conseguimos entrar na próxima Assembleia como tema de destaque, estamos elaborando um texto de estudo, para ser instrumento de trabalho. É o que essa comissão está produzindo”, explica dom Severino.

Espera-se que em 2014/2015 o texto seja uma referência sobre o papel dos leigos no Brasil e no mundo. “Queremos dar um olhar positivo para o laicato e ativar o que o papa Francisco vem pedindo tanto: um laicato maduro, presente e participativo”, explicou dom Severino.

5 de dez. de 2013

Lisboa, 05 dez 2013 (Ecclesia) – O patriarca de Lisboa considera que o Papa Francisco, na sua primeira exortação apostólica, faz um apelo “à Igreja, à sociedade em geral e à política internacional” a “não ficar dentro do seu ciclo e do seu círculo”.
“Quer em relação à Igreja, às comunidades cristãs, quer em relação à sociedade em geral, até mesmo política internacional, o apelo pode-se resumir a esta questão de ‘sair de si’, ou seja, não ficar dentro do seu ciclo e do seu círculo mas olhar para os outros”, começa por explicar à Agência ECCLESIA D. Manuel Clemente, sobre a ‘Evangelii Gaudium’ (A alegria do Evangelho).
O patriarca de Lisboa explicou que o Papa Francisco pede aos países que têm mais têm mais disponibilidade que a partilhem, mesmo em termos de riqueza “de pensamento e know-how”, que “olhem para aqueles que não têm disponibilidade nenhuma e nem conseguem ser países propriamente ditos”.
“Não nos conformemos com o mal dos outros fazendo aqui uma barreira que é até uma barreira até psicológica de não nos preocuparmos, é precisamente o contrário”, acrescenta.
Para D. Manuel Clemente, a exortação do Papa apresenta o “sentido de missão” para as comunidades cristãs e para as sociedades onde “consegue encontrar palavras e frases fortes, acutilantes que não deixam adormecer” mas despertam em tal sentido”.
Neste momento de crise financeira que afeta a sociedade - pessoas, instituições e empresas - o contributo do cristão deve materializar-se através do exemplo de Jesus, na parábola do “Bom Samaritano” onde para além de ajudar o interlocutor também deixa “disposições em termos de futuro, para a convalescença do sinistrado”, o que é “muito indicativo” do que deve ser a “atitude básica do cristão na sociedade”.
“Aproximar-se das necessidades básicas dos outros e comprometer-se diretamente na sua resolução, a si e a outros”, explica o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa.

D. Manuel Clemente para esta aproximação, comprometimento e ação social destaca quatro princípios fundamentais da Doutrina Social da Igreja, inspirados em atitudes de Jesus, “a dignidade da pessoa humana, o bem comum, a subsidiariedade e a solidariedade”.
D. Manuel Clemente destaca importância das orientações de Francisco e da Doutrina Social da Igreja

2 de dez. de 2013

Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo Metropolitanos de Belém – PA
“A minha alma tem sede de ti, minha carne também te deseja, como terra sedenta e sem água” (Sl 62, 2). Percorremos as estradas do mundo, Senhor, recolhendo hoje todos os gritos das pessoas que clamam por tua vinda. Conosco estão todos os sedentos da terra, homens e mulheres que não se sentem saciados com as parcas alegrias que se lhes oferecem. Conosco estão todos os sofredores e inquietos. Vem, Senhor Jesus!
Gritam por tua vinda os muitos pecadores, entre os quais nos encontramos, para que, do profundo do abismo, olhando para a Jerusalém celeste, possamos pedir que escutes nossa voz e não leves em conta nossas faltas, pois em ti está a nossa esperança (Cf. Sl 129). Vem, Senhor Jesus!
Diante de ti sejam apresentados os anseios das pessoas errantes e perdidas, cujo sentido da existência se esvaiu como fumaça. Dá-nos, Jesus, a graça de ser instrumentos teus para encontrá-las nas encruzilhadas da aventura humana. Dá-nos sensibilidade para que ninguém passe perto de nós e nos encontre indiferentes. Sabemos que só tu és a resposta, a única esperança para elas. Vem, Senhor Jesus!
Nós te apresentamos as pessoas que perderam o próprio nome e dignidade. Sabemos estar escondido atrás de tantos andrajos o tesouro da obra prima que é a natureza humana. Ilumina-nos com tua luz para que saiamos pelas ruas a procurar homens e mulheres que gritam por amor e liberdade, a fim de que encontrem a estrada que conduz a ti. Dá-nos olhos e ouvidos abertos para todas as necessidades humanas. Vem, Senhor Jesus!
Sabemos que muitos têm paixão pela verdade, mas têm dificuldades para ceder ao amor, que é porta para a plena verdade. O Espírito Santo, que pairou sobre a simplicidade da Virgem Maria, entre em todas as mentes dos que se encontram insatisfeitos com as poucas ou limitadas respostas que a vida oferece. Vem, Jesus Salvador, Sabedoria eterna, ao encontro deles. Vem, Senhor Jesus!
O mundo ficou pequeno e nós sabemos logo o que acontece em todas as partes. Obrigado, Senhor! Agradecemos porque nossa sensibilidade cresceu diante de tantos problemas existentes. Valeu muito ver a Igreja e tantas pessoas em oração pela paz! Foi bom que todos descobriram de novo, neste ano, por convocação do Papa Francisco, as armas bíblicas do jejum e da oração! Vem, Senhor Jesus, para nosso mundo machucado pelas guerras que ainda insistem em existir, mesmo depois de tua vinda, Príncipe da Paz. Vem, Senhor Jesus!
Precisamos de tua vinda, Senhor Jesus, para vencer a violência que se espalha em nossas cidades. Dá-nos vergonha suficiente para não nos considerarmos importantes pelos índices de violência ou de acidentes. Dá-los juízo para valorizar a vida dos outros e respeitá-la. Sozinhos não somos capazes de fazer dignas nossas cidades. Elas gritam, mesmo sem saber: Vem, Senhor Jesus!
Senhor, nós te apresentamos um mundo machucado e cansado. Eis diante de ti a falta de confiança nas instituições, pela grave corrupção existente em todos os cantos. Tu sabes bem que falta retidão nas prestações de contas, na administração dos bens públicos e nas relações pessoais. Nosso mundo é terra seca, que tem sede do Deus vivo. Vem, Senhor Jesus!
Senhor, em nosso mundo se encontram também, para acolher-te, todas as pessoas que fazem o bem! Ajuda-nos a ver a bondade presente no trato com os irmãos, a caridade vivida, a solidariedade que continua viva, a simplicidade de tantas pessoas que se abrem para a amizade sincera! Vem ao encontro de todas as pessoas que fazem o bem e nos fazem o bem. Vem, Senhor Jesus!
Ao final de um ano, queremos trazer-te, para fazer festa à tua chegada e cantar com os anjos de Belém, nossas crianças, radiantes de alegria e esperança! Unem-se a elas nossos adolescentes e jovens, rosto de um futuro melhor. Acolhe o amor apaixonado dos casais e de suas famílias, e também o brilho do sorriso de nossos idosos! Todos se preparam e querem fazer de seus corações e suas casas o lugar para o Natal acontecer.
Percorremos casa por casa, batendo às portas, mesmo sabendo que há dois mil e treze anos muitos dizem não haver lugar para ti. Queremos encontrar este lugar na simplicidade de tantos corações, parecidos com Maria e José. Desejamos ser simples e abertos como os animais da noite de Belém! Dá-nos a sabedoria do burro ou a placidez da vaca do presépio, ou, quem sabe, o jeito de cantar do galo das vigílias, para preparar-te aconchego e calor.
Como temos a certeza de que um dia virás em tua glória, tu que vieste em Belém e vens a cada dia, põe em nosso coração a palavra da Escritura, neste tempo de Advento: “O Espírito e a Esposa dizem: ‘Vem’! Aquele que ouve também diga: ‘Vem’! Quem tem sede, venha, e quem quiser, receba de graça a água vivificante. Aquele que dá testemunho destas coisas diz: ‘Sim, eu venho em breve’. Amém! Vem, Senhor Jesus!” (Ap 22,17.20).