Em uma carta de Natal, padre Pio escreveu: “No nascimento de Nosso
Senhor os pastores ouviram o canto dos anjos, como nos revela a
Escritura.
Porém ela não diz que a Virgem sua mãe e são José, que eram os que
estavam bem próximos do Menino divino,
tivessem ouvido os anjos cantarem ou tivessem visto o esplendor
celestial.” O que foi que eles ouviram e viram então? O choro do
recém-nascido e a estrebaria escura e fria, porque na hospedagem não
havia lugar para eles.
Milhões de pessoas terão de passar este Natal em fuga, no meio da
guerra, sem família e sem troca de presentes. No entanto,
eles estão bem próximos da manjedoura, com Maria e José. Eles nos
ensinam a colher o mistério natalino do amor. Eles
são as estrelas que brilham para nós no caminho de Belém. É sobretudo a
essas pessoas que se dirigem nossos votos de
Natal. Nós estamos rezando por elas. O exemplo do pequeno menino de
Damasco é representativo para muitos. Ele brinca de esconder com sua
irmãzinha de seis anos – e um atirador o atinge em cheio. Desde então,
sua irmã é vista muitas vezes no
cemitério, no túmulo de seu pequeno irmão. Com as mãos ela escava na
terra e chama: “Saia do esconderijo, eu
não quero mais brincar.”
Diante disso só dá para ficar em silêncio e chorar, qualquer
palavra se mostra inconveniente. No entanto, podemos também
dizer a esse menino e a essa menina: “Por você, Deus veio ao mundo.” Por
você, que vive com medo de ser assaltado, de ser
sequestrado ou morto. Por você, que está separado de sua família devido à
guerra ou que a perdeu e conhece a profunda dor
da separação e da morte. Por você, que é perseguido por causa de sua fé e
tem de viver escondido. Por você,
que não tem mais casa e vive em um campo de refugiados. Por você, que
não pode celebrar a Missa de Natal em uma igreja, porque ela
foi destruída por bombas ou por incendiários. Por você, que não vai
receber presentes de Natal e tem de se preocupar todos
os dias para conseguir ao menos um pedaço de pão e água para sobreviver.
Por você que, apesar de tudo isso, acredita e
celebra a festa de Natal.
Mais que qualquer um de nós, essas pessoas experimentam o mistério de Natal em seu próprio corpo. A elas gostaríamos de
desejar a bênção da Noite Santa através de nossos dons e orações e anunciar a Boa Nova: “Hoje, na
cidade de Davi, nasceu para vós o Salvador, que é o Cristo Senhor!”
A vocês e suas famílias desejo um Natal abençoado.
Pe. Martin M. Barta
Assistente Eclesiástico Internacional da AIS
Pe. Martin M. Barta
Assistente Eclesiástico Internacional da AIS
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