Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo Metropolitanos de Belém – PA
Arcebispo Metropolitanos de Belém – PA
“A minha alma tem sede de ti, minha
carne também te deseja, como terra sedenta e sem água” (Sl 62, 2). Percorremos
as estradas do mundo, Senhor, recolhendo hoje todos os gritos das pessoas que
clamam por tua vinda. Conosco estão todos os sedentos da terra, homens e
mulheres que não se sentem saciados com as parcas alegrias que se lhes oferecem.
Conosco estão todos os sofredores e inquietos. Vem, Senhor Jesus!
Gritam por tua vinda os muitos
pecadores, entre os quais nos encontramos, para que, do profundo do abismo,
olhando para a Jerusalém celeste, possamos pedir que escutes nossa voz e não
leves em conta nossas faltas, pois em ti está a nossa esperança (Cf. Sl 129). Vem, Senhor Jesus!
Diante de ti sejam apresentados os
anseios das pessoas errantes e perdidas, cujo sentido da existência se esvaiu
como fumaça. Dá-nos, Jesus, a graça de ser instrumentos teus para encontrá-las
nas encruzilhadas da aventura humana. Dá-nos sensibilidade para que ninguém
passe perto de nós e nos encontre indiferentes. Sabemos que só tu és a
resposta, a única esperança para elas. Vem,
Senhor Jesus!
Nós te apresentamos as pessoas que
perderam o próprio nome e dignidade. Sabemos estar escondido atrás de tantos
andrajos o tesouro da obra prima que é a natureza humana. Ilumina-nos com tua
luz para que saiamos pelas ruas a procurar homens e mulheres que gritam por amor
e liberdade, a fim de que encontrem a estrada que conduz a ti. Dá-nos olhos e
ouvidos abertos para todas as necessidades humanas. Vem, Senhor Jesus!
Sabemos que muitos têm paixão pela
verdade, mas têm dificuldades para ceder ao amor, que é porta para a plena
verdade. O Espírito Santo, que pairou sobre a simplicidade da Virgem Maria,
entre em todas as mentes dos que se encontram insatisfeitos com as poucas ou
limitadas respostas que a vida oferece. Vem, Jesus Salvador, Sabedoria eterna,
ao encontro deles. Vem, Senhor Jesus!
O mundo ficou pequeno e nós sabemos
logo o que acontece em todas as partes. Obrigado, Senhor! Agradecemos porque
nossa sensibilidade cresceu diante de tantos problemas existentes. Valeu muito
ver a Igreja e tantas pessoas em oração pela paz! Foi bom que todos descobriram
de novo, neste ano, por convocação do Papa Francisco, as armas bíblicas do
jejum e da oração! Vem, Senhor Jesus, para nosso mundo machucado pelas guerras
que ainda insistem em existir, mesmo depois de tua vinda, Príncipe da Paz. Vem, Senhor Jesus!
Precisamos de tua vinda, Senhor Jesus,
para vencer a violência que se espalha em nossas cidades. Dá-nos vergonha
suficiente para não nos considerarmos importantes pelos índices de violência ou
de acidentes. Dá-los juízo para valorizar a vida dos outros e respeitá-la.
Sozinhos não somos capazes de fazer dignas nossas cidades. Elas gritam, mesmo
sem saber: Vem, Senhor Jesus!
Senhor, nós te apresentamos um mundo
machucado e cansado. Eis diante de ti a falta de confiança nas instituições,
pela grave corrupção existente em todos os cantos. Tu sabes bem que falta
retidão nas prestações de contas, na administração dos bens públicos e nas
relações pessoais. Nosso mundo é terra seca, que tem sede do Deus vivo. Vem, Senhor Jesus!
Senhor, em nosso mundo se encontram
também, para acolher-te, todas as pessoas que fazem o bem! Ajuda-nos a ver a
bondade presente no trato com os irmãos, a caridade vivida, a
solidariedade que continua viva, a simplicidade de tantas pessoas que se abrem
para a amizade sincera! Vem ao encontro de todas as pessoas que fazem o bem e
nos fazem o bem. Vem, Senhor Jesus!
Ao final de um ano, queremos trazer-te,
para fazer festa à tua chegada e cantar com os anjos de Belém, nossas crianças,
radiantes de alegria e esperança! Unem-se a elas nossos adolescentes e jovens,
rosto de um futuro melhor. Acolhe o amor apaixonado dos casais e de suas
famílias, e também o brilho do sorriso de nossos idosos! Todos se preparam e querem fazer de seus corações e suas casas o lugar
para o Natal acontecer.
Percorremos casa por casa, batendo às
portas, mesmo sabendo que há dois mil e treze anos muitos dizem não haver lugar
para ti. Queremos encontrar este lugar na simplicidade de tantos corações,
parecidos com Maria e José. Desejamos
ser simples e abertos como os animais da noite de Belém! Dá-nos a sabedoria
do burro ou a placidez da vaca do presépio, ou, quem sabe, o jeito de cantar do
galo das vigílias, para preparar-te aconchego e calor.
Como temos a certeza de que um dia
virás em tua glória, tu que vieste em Belém e vens a cada dia, põe em nosso
coração a palavra da Escritura, neste tempo de Advento: “O Espírito e a Esposa
dizem: ‘Vem’! Aquele que ouve também diga: ‘Vem’!
Quem tem sede, venha, e quem quiser, receba de graça a água vivificante. Aquele
que dá testemunho destas coisas diz: ‘Sim, eu venho em breve’. Amém! Vem, Senhor Jesus!” (Ap 22,17.20).