Dom
Paulo Mendes Peixoto - Arcebispo de Uberaba (MG)
Na espera do Natal fazemos a trajetória do Advento. Talvez pudéssemos,
analogicamente, pensar no sopro, no vento, chegada do vento, ou até, caminhada
para o grande sopro de Deus, como aconteceu no Antigo Testamento, no tempo da
criação, quando Ele soprou no ser humano o “sopro da vida”. Jesus é o sopro da
Palavra que era Deus e estava em Deus e agora se torna pessoa humana.
Estamos em tempo de preparação, fazendo um caminho de esperança.
Depositamos confiança em muitas coisas do mundo, mas nem sempre conseguem
trazer-nos verdadeira realização, muito menos, a esperança. Só Deus é capaz de
nos dar segurança e perspectiva de vida duradoura. É o tempo da busca, da
conversão, de encorajamento e confiança no amor misericordioso do Senhor.
É importante ter a consciência de que somos conduzidos pelas mãos do
Senhor. Só assim somos habilitados para vencer as grandes barreiras e
dificuldades da vida. Natal significar que o Senhor vem ao nosso encontro para
resgatar as pessoas indefesas de muitas situações ameaçadoras da vida. Por isto
é um tempo de benção.
O momento é de vencer as resistências num horizonte de liberdade e de
ilimitada responsabilidade no caminho da esperança. É uma questão de fé, de
convencimento de que Jesus Cristo nasce para trazer vida, superando todas as
fragilidades que acompanham a humanidade. Sua convocação basilar é a conversão,
capacitando as pessoas para atos de reconciliação através do perdão.
O nascimento de Jesus é uma nova criação, tempo de graça e libertação,
de realização de um projeto que fora anunciado pelos profetas. Uma das
expressões antigas que revela a riqueza do caminho de esperança diz:
“Dar-vos-ei coração novo, porei no vosso íntimo espírito novo, tirarei de vosso
peito o coração de pedra e vos darei coração de carne” (Ez 36,26).
O caminho da esperança deve ser de mais santidade, mais justiça, mais
prática de solidariedade, mais amor, mais respeito etc. Deve ser também de
combate ao consumismo e de busca de poder. Precisamos saber viver, porque para
Deus mil anos são como um dia. Tudo passa menos o amor.