Papa Francisco recebeu
na manhã desta quinta-feira (10/09), na Sala Clementina, no Vaticano, cerca de
130 novos bispos que participam, nesta semana, do curso anual promovido pela
Congregação para os Bispos e pela Congregação para as Igrejas Orientais.
“Vocês são bispos da Igreja, chamados e consagrados
recentemente. Vieram de um encontro irrepetível com o Ressuscitado.
Atravessando os muros de sua impotência, o Senhor os alcançou com a sua
presença, mesmo conhecendo suas falhas e abandonos, fugas e traições. Não
obstante isso, Ele veio no Sacramento da Igreja e soprou sobre vocês. Este é um
hálito que deve ser conservado, um sopro que abala a vida que nunca será a
mesma de antes, mas que também dá serenidade e consola como a brisa suave”,
frisou Francisco.
Os bispos são testemunhas do Ressuscitado
O Papa recordou aos bispos que eles “são
testemunhas do Ressuscitado”. “Esta é a sua primeira e insubstituível tarefa.
Esta é a riqueza que a Igreja transmite também através de mãos frágeis. Lhes
foi confiada a pregação da realidade que sustenta todo o edifício da Igreja:
Jesus ressuscitou! Aquele que subordinou a própria vida ao amor, não podia
permanecer na morte. Deus Pai ressuscitou Jesus! Também nós ressuscitaremos com
Cristo”, frisou o Santo Padre.
Francisco sublinhou que os homens se esqueceram da
eternidade. Segundo ele, “muitos são sequestrados pelo cálculo cínico da
própria sobrevivência e se tornaram indiferentes, impermeáveis à possibilidade
de vida que não morre. Todavia, somos investidos de perguntas cujas respostas
vem do futuro definitivo”.
“Penso nos desafios dramáticos como a globalização
que aproxima o que está distante e por outro lado separa quem está perto. Penso
no fenômeno da migração que abala os nossos dias. Penso no ambiente natural,
jardim que Deus deu como moradia ao ser humano e outras criaturas, ameaçado
pela míope e predatória exploração. Penso na dignidade e no futuro do trabalho
humano do qual não usufruem inteiras gerações. Penso na desertificação das relações,
na falta de responsabilidade difundida, no desinteresse pelo futuro e no
fechamento crescente. Penso no esmorecimento de muitos jovens e na
solidão de muitos idosos”, disse ainda o Papa.
“Não quero me concentrar nesta agenda de tarefas,
pois não quero espantá-los. Vocês estão ainda em lua de mel!”, disse
ainda Francisco. “Como Bispo de Roma quero entregar vocês, mais uma vez, aos
cuidados da alegria do Evangelho”. “Os discípulos se alegraram quando
encontraram vivo o “Pastor que aceitou morrer pelo seu rebanho”. Vocês também
devem se alegrar quando se consomem por suas Igrejas Particulares. Recordem-se
sempre de que o Evangelho os protege. Não tenham medo de ir a qualquer lugar e
permanecer com aqueles que o Senhor lhes confiou. Nenhum âmbito da vida humana
deve ser excluído do interesse do coração do pastor. Não negligenciem as várias
realidades de seu rebanho. Não renunciem aos encontros, se dediquem à pregação
da Palavra viva do Senhor e convidem todos para a missão.”
Bispos pedagogos, guias espirituais e catequistas
O Papa convidou os bispos a serem pedagogos, guias
espirituais e catequistas daqueles que frequentam suas comunidades e recebem a
Eucaristia, guiando-os ao conhecimento do mistério que professam, ao esplendor
do rosto divino escondido na Palavra que talvez estejam acostumados a ouvir mas
sem perceber a sua força. “Não poupem energia em acompanhá-los na subida do
Monte Tabor. Cuidem de seus sacerdotes para que despertem o encanto de Deus nas
pessoas a fim de que sintam sempre o desejo de permanecer em Sua presença,
sintam saudade de Sua companhia”, disse ainda Francisco.
Bispos mistagogos
Francisco recordou em seu discurso aos bispos “as
pessoas batizadas, mas que não vivem as exigências do Batismo”. “Algumas se
distanciaram porque se desiludiram com as promessas da fé ou porque muito
exigente lhes pareceu o caminho para alcançá-las. Vocês bispos são capazes de
interceptar seu caminho. Se façam de viandantes aparentemente perdidos,
perguntando o que aconteceu na Jerusalém de suas vidas e, discretamente, deixem
elas abrir o seu coração. Não se escandalizem com suas dores ou suas decepções.
Aqueçam os seus corações com a escuta humilde e interessada ao seu verdadeiro
bem para que os seus olhos se abram e possam voltar ao Senhor.”
Bispos missionários
“Como pastores missionários da salvação gratuita de
Deus, busquem também aqueles que não conhecem Jesus ou o recusou”, disse ainda
o Papa. “Não podemos prescindir dos irmãos que estão distantes. Vendo em nós o
Senhor que os interpela, talvez tenham a coragem de responder ao seu convite
divino. Se isso acontecer, as nossas comunidades serão enriquecidas e o nosso
coração de pastor se alegrará. Este horizonte deve prevalecer em seu olhar de
pastores no iminente Ano Jubilar da Misericórdia que em breve iremos celebrar”,
concluiu o Papa Francisco.
Fonte: Rádio Vaticano