O Papa Pio XII afirmou, em 1946, que “o grande pecado de hoje consiste em os homens terem perdido o sentido de pecado”. Neste Ano Santo da Misericórdia, torna-se urgente refletir que a perda do sentido de pecado tem plena correlação com a perda do sentido da misericórdia e do perdão. O antigo provérbio “dente por dente, olho por olho” ou, se quisermos, “aqui se faz, aqui se paga” ou, ainda, “eu perdoo, mas não esqueço”, faz parte tanto da cultura de uma sociedade distante do projeto de Deus, quanto, infelizmente, da expressão cotidiana de muitos que se dizem seguidores de Jesus. Aos fariseus e doutores da lei que – sujeitos à convicção de que Deus era terrível e vingativo – O incriminavam por ter dito ao paralítico: “Filho, os teus pecados estão perdoados”, Jesus responde com a palavra impregnada da misericórdia do Pai: “Pois bem, para que vocês saibam que o Filho do Homem tem poder na terra para perdoar pecados – disse Jesus ao paralítico – eu ordeno a você: Levante-se, pegue a sua cama e vá para casa”. E a atitude misericordiosa de Jesus provocou – e continua a provocar – em todos a maravilhosa exclamação “Nunca vimos uma coisa assim”! (cf. Mt 2,1-12).
