Os “ais” de advertência à hiprocrisia
Dando continuidade às denúncias da hipocrisia dos fariseus e dos
doutores da Lei, Lucas apresenta seis ais de
advertência. Precisamos entender que no tempo de Jesus, uma ala do farisaísmo
tendia a inverter o valor das coisas. Davam muita importância às coisas
secundárias, enquanto as essenciais não recebiam a devida atenção. O pagamento
do dízimo, por exemplo, era uma exigência irrecusável, e cumprida mesmo em
relação às insignificantes hortaliças. Entretanto, os fariseus não se
preocupavam, minimamente, em praticar a justiça para com o próximo e dedicar a
Deus um amor verdadeiro.
A prática religiosa do dízimo era desta
forma, esvaziada de sentido. Ao pagá-lo, os fariseus pensavam estar sendo fiéis
à vontade divina. Todavia, enquanto cometiam injustiças contra o próximo,
cultivavam a vanglória e agiam como hipócritas acabando por desagradar a Deus.
Invalidava-se, deste modo, sua piedade exterior, à qual se entregavam apenas
para serem louvados pelos outros. O amor e a justiça ocupam o lugar central na
vida do discípulo do Reino. Nisto, ele se distingue dos fariseus.
Amor e justiça, quando postos em prática,
revelam o mais íntimo do ser humano. Outras práticas podem ser enganosas,
revelando apenas uma piedade aparente. De fato, podem ser uma máscara da
hipocrisia humana e esconder a maldade que a pessoa traz no coração. Por isso,
em primeiro lugar, é preciso praticar a justiça e o amor. Com este pano de
fundo, as outras práticas de piedade terão mais solidez.
Muitas vezes nos comportamos como
fariseus, falamos muito da verdade, mas não cumprimos esta verdade que é a
palavra de Jesus em nossas vidas. Muito pelo contrário, até criticamos aquele
que a cumpre.
Precisamos muito da misericórdia de Deus
em nossas vidas. O amor de Deus se revela constantemente a nós e não
conseguimos nos converter verdadeiramente. Seremos hipócritas ou somos fracos
na fé mesmo?
Onde está a constância na fé que tanto
Jesus nos pede? A vida já é tão dura e difícil para muitos e se não formos
solidários com aqueles que necessitam que tipo de espiritualidade estamos
exercendo?
Encontramos ao longo da caminhada pessoas
que se mostram mestres em nos
ensinar o que seja correto praticar, porém são extremamente pobres em
testemunhos e partilha de vida. É o famoso ditado: Faça o que eu digo mas não faça
o que eu faço. Esta com certeza não é a vontade de Deus a nosso
respeito, o Evangelho de hoje nos faz um apelo à conversão, superando todo tipo
de hipocrisia.
Só seremos felizes de verdade se
contribuirmos verdadeiramente para a felicidade do outro.
Pai, que a compreensão de teu sábio plano
de salvação para a humanidade me leve a estar atento às palavras de Jesus, o
qual me indica o caminho para chegar a ti.