Papa Francisco: Maria sabe compreender quando os
seus filhos estão cansados
Francisco quis partilhar com os fiéis
alguns cansaços que ele vive e sobre os quais meditou
O Papa Francisco explicou hoje que Maria, como mãe, sabe
compreender quando os seus filhos estão cansados, e só disso se preocupa.
«Bem-vindo! Descansa, meu filho. Depois falamos... Não estou aqui eu, que sou
tua Mãe?»
As palavras do Papa foram dirigidas ao celebrar a Missa do Crisma, na Basílica de São Pedro, nas celebrações da Semana Santa.
As palavras do Papa foram dirigidas ao celebrar a Missa do Crisma, na Basílica de São Pedro, nas celebrações da Semana Santa.
Francisco dirigiu-se de forma especial aos padres, enfatizando o cansaço
do seu trabalho.
"Tenhamos bem em mente que uma chave da fecundidade sacerdotal
reside na forma como repousamos e como sentimos que o Senhor cuida do nosso
cansaço. Como é difícil aprender a repousar! Nisto transparece a nossa
confiança e a consciência de que também nós somos ovelhas. A propósito, podem
ajudar-nos algumas perguntas, disse Francisco.
"Sei repousar recebendo o amor, a gratidão e todo o carinho que me
dá o povo fiel de Deus? Ou, depois do trabalho pastoral, procuro repousos mais
refinados: não os repousos dos pobres, mas os que oferece a sociedade de
consumo? O Espírito Santo é verdadeiramente, para mim, «repouso na fadiga», ou
apenas Aquele que me faz trabalhar? Sei pedir ajuda a qualquer sacerdote
experiente? Sei repousar de mim mesmo, da minha auto-exigência, da minha
auto-complacência, da minha auto-referencialidade?"
"Sei conversar com Jesus, com o Pai, com a Virgem Maria e São José,
com os meus Santos padroeiros e amigos, para repousar nas suas exigências – que
são suaves e leves – nas suas complacências – eles gostam de estar na minha
companhia – nos seus interesses e referências – só lhes interessa a maior
glória de Deus? Sei repousar dos meus inimigos, sob a protecção do Senhor? Vou
argumentando, tecendo e ruminando repetidamente cá para comigo a minha defesa,
ou confio-me ao Espírito que me ensina o que devo dizer em cada ocasião?
Preocupo-me e afano-me excessivamente ou encontro repouso, dizendo como Paulo:
«Sei em quem acreditei»" - perguntou o Papa.
Francisco quis partilhar com os fiéis alguns cansaços sobre os quais ele
meditou.
1 - «O cansaço do povo, das multidões»: "para o Senhor, como o é para nós, era desgastante – di-lo o Evangelho – mas é um cansaço bom, um cansaço cheio de frutos e de alegria. O povo que O seguia, as famílias que Lhe traziam os seus filhos para que os abençoasse, aqueles que foram curados e voltavam com os seus amigos, os jovens que se entusiasmavam com o Mestre… Não Lhe deixavam sequer tempo para comer. Mas o Senhor não Se aborrecia de estar com a gente. Antes pelo contrário, parecia que ganhava nova energia". Este é "o cansaço do sacerdote com o cheiro das ovelhas, mas com o sorriso de um pai que contempla os seus filhos ou os seus netinhos".
1 - «O cansaço do povo, das multidões»: "para o Senhor, como o é para nós, era desgastante – di-lo o Evangelho – mas é um cansaço bom, um cansaço cheio de frutos e de alegria. O povo que O seguia, as famílias que Lhe traziam os seus filhos para que os abençoasse, aqueles que foram curados e voltavam com os seus amigos, os jovens que se entusiasmavam com o Mestre… Não Lhe deixavam sequer tempo para comer. Mas o Senhor não Se aborrecia de estar com a gente. Antes pelo contrário, parecia que ganhava nova energia". Este é "o cansaço do sacerdote com o cheiro das ovelhas, mas com o sorriso de um pai que contempla os seus filhos ou os seus netinhos".
2 - «O cansaço dos inimigos»: "O diabo e os seus sectários não
dormem e, uma vez que os seus ouvidos não suportam a Palavra de Deus, trabalham
incansavelmente para a silenciar ou distorcer. Aqui o cansaço de enfrentá-los é
mais árduo. Não se trata apenas de fazer o bem, com toda a fadiga que isso
implica, mas é preciso também defender o rebanho e defender-se a si mesmo do
mal".
3 - «O cansaço de nós próprios»: "É talvez o mais perigoso. Porque
os outros dois derivam do fato de estarmos expostos, de sairmos de nós mesmos
para ungir e servir (somos aqueles que cuidam). Diversamente, este cansaço é
mais auto-referencial: é a desilusão com nós mesmos, mas sem a encararmos de
frente, com a alegria serena de quem se descobre pecador e carecido de perdão;
é que, neste caso, a pessoa pede ajuda e segue em frente. Trata-se do cansaço
que resulta de «querer e não querer», de ter apostado tudo e depois pôr-se a
chorar pelos alhos e as cebolas do Egito, de jogar com a ilusão de sermos outra
coisa qualquer. Gosto de lhe chamar o cansaço de «fazer a corte ao mundanismo
espiritual». E, quando uma pessoa fica sozinha, dá-se conta de quantos setores
da vida foram impregnados por este mundanismo e temos até a impressão de que
não há banho que o possa lavar. Aqui pode haver um cansaço mau. A palavra do
Apocalipse indica-nos a causa deste cansaço: «Tens constância, sofreste por
causa de Mim, sem te cansares. No entanto, tenho uma coisa contra ti:
abandonaste o teu primeiro amor» (2, 3-4). Só o amor dá repouso. Aquilo que não
se ama, cansa; e, com o passar do tempo, torna-se um cansaço mau."