“O aborto é a violação do direito à vida do nascituro”, afirma dom
Cipollini
O
debate acerca da legalização do aborto voltou à tona nas últimas semanas por
conta de uma enquete do portal e-Cidadania do Senado Federal a respeito de uma
sugestão para regular a interrupção voluntária da gravidez, dentro das doze
primeiras semanas de gestação, pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O bispo de
Santo André (SP) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Doutrina da
Fé da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Pedro Carlos
Cipollini, escreveu um artigo, que foi publicado no site da entidade, com a
orientação da Igreja aos católicos.
“A orientação da Igreja é a favor da vida.
Há valores que não se podem desprezar sob pena de se pagar um preço alto”,
afirmou o bispo, que lembrou o mandamento de não matar. “Se a vontade do povo,
o capricho de alguns, o interesse de poucos, constituísse o direito, poderíamos
então criar o direito ao roubo, latrocínio, etc. Aqui é preciso considerar que
a luz de milhões de velas não corresponde à luz de um único sol”, refletiu.
A proposta
apresentada no portal legislativo que permite a apresentação de ideias e a
votação sobre as matérias por parte dos internautas já alcançou mais de 358 mil
votos desde setembro de 2014, quando foi aberta – até o fim daquele ano, quando
a sugestão foi encaminhada para a Comissão de Direitos Humanos e Legislação
Participativa do Senado e começou a tramitar, foram contabilizados pouco mais
de 20 mil votos.
Dom
Cipollini afirma que o real objetivo da proposta é legalizar o aborto, mas que
isso não é possível. “O direito à vida é uma cláusula pétrea da constituição
(Art. 5). O aborto é a violação do direito à vida do nascituro”, sustenta. O
bispo ainda lembra que as campanhas em favor do aborto reduzem a questão
somente ao aspecto da saúde. “Estão de costas para o povo, com a falácia de que
defendem o próprio povo. A democracia supõe o direito à dignidade da pessoa
humana. A pedra fundamental da dignidade humana é o direito à vida, sua defesa
principalmente onde se encontra ameaçada, e justo ali onde não tem como se
defender”, completa.
Descarte
No artigo,
dom Cipollini questiona o porquê de as soluções dos problemas sociais terem de
passar sempre pela morte dos mais fracos e não pela promoção da vida e por que
não usar a mesma diligência para promover leis que favoreçam a educação,
saneamento básico e uma justa distribuição de renda, reafirmando um
questionamento do papa Francisco a respeito.
“Não parece
factível um caminho educativo para acolher os seres frágeis que nos rodeiam,
que de repente nos atrapalham e são inoportunos, se não protegemos um embrião
humano, embora sua chegada nos ocasione desconfortos e dificuldades”, disse
Francisco em junho de 2015. “Em vez de resolver os problemas dos pobres e de
pensar num mundo diferente, algumas pessoas propõem a redução da natalidade”,
lamentou o pontífice naquela ocasião.
O artigo de
dom Cipollini segue a mesma linha de reflexão, quando aponta para a ação de
grupos de países ricos, cientistas e estudiosos motivados por instituições
interessadas na diminuição da população pobre.
Fonte: CNBB